top of page
Posts Recentes
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Posts Em Destaque

Entrevistando um Entrevistador

Entrevistado: Samuel Lucas Bizachi, 36 anos, Jornalista

Entrevistadora: Vanessa Murussi Bordoni, 35 anos, graduanda em Relações Públicas


Entrevistadora: Fale um pouco da sua formação e experiência profissional.


Samuel: Sou formado em jornalismo pela Unisinos, em 2005. Fiz também um curso de extensão/pós na Perestroika Escola de Comunicação, em Porto Alegre, além de cursos menores de capacitação ao longo da carreira.

Minha experiência profissional começou com estágios na área, enquanto ainda cursava jornalismo. Fui selecionado como fotógrafo pela Agência de Comunicação Experimental da Unisinos (Agexcom), também trabalhei no Jornal Estância Velha e na Assintecal (entidade do setor coureiro-calçadista, no Vale do Sinos). Além disso, no último ano do curso, fiz um estágio na redação do Jornal VS. Todas experiências citadas foram de aproximadamente um ano cada. E a que acabou moldando, de certa forma, minha carreira, foi a última, no Jornal VS. Foi a partir dali que decidi focar minha carreira em redação, apesar de depois de ter vivenciado diversas experiências em assessoria de imprensa.

Logo depois de me formar, fui contratado como repórter do Jornal VS. Fiquei quase dois anos na função pedi pra sair pra ter novas experiências. Fui trabalhar com assessoria política na Prefeitura de São Leopoldo e, de 2009 a 2012, na Câmara de Vereadores de São Leopoldo. Nesse meio tempo, participei de duas campanhas políticas e ajudei a eleger o prefeito de SL em 2008, assim como uma bancada de 4 vereadores (maior da cidade), e também ajudei a eleger um deputado federal, em 2010. A experiência na política foi muito rica, mas é uma área também bastante desgastante. Especialmente pra quem exerce cargos técnicos, sem vínculos ou indicação política direta. Foi por isso que, em 2012, aceitei convite do Jornal VS pra ser editor do jornal. Fiquei lá mais dois anos e tive experiência como sócio em agência de publicidade e comunicação, em Novo Hamburgo. Depois de um tempo, porém, fui convidado e aceitei integrar a comunicação do Colégio Sinodal de São Leopoldo, desde fevereiro de 2015 (onde estou até hoje). Paralelamente, sempre fiz trabalhos como freelancer para o Jornal VS, Diário de Canoas e Jornal NH na redação e diagramação de cadernos especiais comerciais. Desde fevereiro de 2017, também atuo como editor no Jornal NH. Divido meus turnos atualmente, então, entre o Sinodal e o Jornal NH.


Entrevistadora: Na atualidade, quais critérios de noticiabilidade/valor notícia, você considera de maior relevância na formação da matéria jornalística?


Samuel: A questão do critério de noticiabilidade tem a ver com o veículo que você trabalha. No Jornal NH, por exemplo, priorizamos o uso de matérias locais, atuamos com foco no hiperlocalismo. Porém, sem deixar de publicar notícias regionais, nacionais e internacionais, mas com um espaço bem menor do que as matérias mais relevantes para as comunidades das áreas de abrangência do jornal. Dentro desse hiperlocalismo, apostamos sempre em matérias que mexem com o maior número de pessoas, sempre levando em conta a importância da informação para a comunidade estar bem informada. Além disso, certas áreas são ainda mais relevantes do que outras. Por exemplo, notícias que envolvem as áreas da saúde, educação e segurança vão sempre ter prioridade em relação a outras, como de entretenimento, por exemplo. Mas acredito que o principal critério deve ser sempre qual a importância de determinada informação para as pessoas? A notícia vale a pena ser publicada? Por quê? Vai afetar a vida das pessoas? Como? E a partir daí, considerar pra quantas pessoas e os motivos disso.


Entrevistadora: Você tem dicas a compartilhar, para elaboração de um bom release, que cative a atenção do profissional da imprensa, que o analisará?


Samuel: O melhor release é aquele produzido de forma segmentada, acredito. Releases iguais para vários veículos não costumam “fisgar” chefes de reportagem ou editores. Cada vez mais, os jornais precisam oferecer conteúdos relevantes e exclusivos aos seus leitores/assinantes. Isso é fundamental. A partir daí, segmentar releases acredito que seja importante pra ter sucesso na distribuição da informação. Além disso, é importante saber pra quem distribuir o release e quando. Em finais de semana, por exemplo, editores e chefes de reportagem recebem poucos releases e, eventualmente, são bons momentos pra emplacar releases. O mesmo vale pra sextas-feiras ou feriados. Ainda assim, é bom entender em qual editoria seu release se encaixa e tentar contatar o editor específico pra obter sucesso. Um release de uma escola que trata de economia, por exemplo, não deve ser enviado pra seção de geral ou comunidade, mas para editoria de economia ou negócios e aos colunistas destas áreas.


Entrevistadora: Na prática da assessoria de imprensa, qual a importância do networking? Ter contatos, dentro dos veículos de comunicação, pode contribuir para a publicação de conteúdos organizacionais?


Samuel: Os contatos ajudam muito, é verdade. Sempre é importante ter uma abertura pra facilitar um diálogo com algum jornalista ou editor. Ainda assim, não é garantia de publicação. Um release irrelevante não é publicado só porque você conhece ou é amigo de tal editor de jornal. Na verdade, vai só queimar o assessor que tentar se aproveitar de um contato ou amizade pra ganhar espaço. Ninguém gosta de profissionais sem noção. E já tive vários sucessos e emplaquei releases com jornalistas que eu nunca vi, mas que ofereci conteúdo exclusivo e relevante. Recentemente, por exemplo, tivemos várias matérias do Sinodal publicadas na coluna da Giane Guerra, de ZH, em várias plataformas. Ela não me conhecia, mas quando viu o release, que tratava de um novo empreendimento em Gravataí, ela enxergou o potencial e a relevância disso. E tivemos sucesso. Então, não é fundamental ter networking, ainda que ajude no primeiro contato. Mas um bom release supera isso.


Entrevistadora: Existem pesquisas sobre agenda-setting que apontam a influência da mídia na pauta dos assuntos que as pessoas conversam no dia a dia. Na sua percepção, isto ainda acontece?


Samuel: Com certeza, ainda acontecem. Reduziu bastante porque as grandes empresas de comunicação perderam poder, é verdade, nos últimos anos. O Jornal Nacional, por exemplo, perdeu cerca de 30% de audiência nos últimos 10 anos. Todos os jornais impressos têm quedas em tiragem e assinantes todos os anos. O poder da comunicação se pulverizou e vai se pulverizará cada vez mais, em função da revolução digital. Porém, a mídia, seja com telejornais, jornais impressos, revistas, novelas, conteúdos de forma geral, ainda pautam nossas discussões no dia a dia, pelo que percebo em minha volta.


Entrevistadora: O que você considera que influencia a pauta do jornalismo? Existe um padrão entre os veículos de comunicação? Pois, muitas vezes, sentimos muita similaridade entre os diferentes veículos e empresas de mídias.


Samuel: Sim, existem padrões e também os veículos sempre têm receio de ficar atrás um do outro. Então, se um jornal publica tal matéria, o outro vai querer publicar, isso é normal. E se há relevância na notícia, é importante que aconteça. O que mudou, talvez, é que muitos jornalistas já defendem a ideia de que melhor que dar um furo, é dar a melhor notícia/matéria. Um furo com informações incorretas ou notícia incompleta, afeta a credibilidade de qualquer publicação. Eu compartilho com essa crença de que é melhor dar melhor a matéria do que dar primeiro. Sobre a similaridade, às vezes a imprensa se pauta muito por datas. Dia disso, dia daquilo, mês disso, mês daquilo, e as pautas acabam se repetindo, realmente. Acho que, muitas vezes, falta criatividade pra ir além ou propor discussões diferentes. Mas, infelizmente, se você pegar as edições dos mesmos dias dos jornais, de anos diferentes, ela provavelmente vão se parecer bastante. Por exemplo, pegue edições de sexta-feira santa de anos diferentes de um mesmo jornal. A manchete e a capa, provavelmente, serão parecidas naquele dia ou naquela semana.


Entrevistadora: Pode-se dizer que, de alguma forma, a pauta do jornalismo também é alimentada pelas pessoas? Uma espécie de agenda-setting inversa, já que as redes sociais deram voz a quem antes era mero receptor passivo da mensagem.


Samuel: Com certeza, hoje em dia isso ocorre muito mais com as redes sociais. É um dos benefícios dos veículos terem contato direto com as pessoas. E as pessoas não precisam mais ligar pro jornal pra fazer tal denúncia. Elas postam em suas redes e os veículos vão atrás.


Entrevistadora: Como você considera o papel da entrevista no jornalismo? E na assessoria de imprensa?


Samuel: É o momento mais importante da produção da notícia porque é dali que vai se obter todas informações necessárias pra redigir um texto relevante.


Entrevistadora: Tem mais alguma curiosidade, ou dica, sobre a rotina da assessoria de imprensa, que possa compartilhar com profissionais em formação?


Samuel: Acho que o importante é sempre tentar encaixar os releases nos veículos mais adequados e para os jornalistas mais adequados. Cada informação pode ter um valor diferente pra tal veículo ou tal jornalista ou colunista.


Entrevistadora: Quais características você considera importantes, no atual cenário, para quem pretende atuar com comunicação? E o que recomendaria aos estudantes da área?


Samuel: Recomendo que acumulem experiências pra gerar várias aptidões. Profissionais precisam pelo menos entender um pouco sobre cada meio e acho que é importante ser muito bom em determinada atividade e se especializar em algo. Além de nunca fechar portas em nenhum lugar.


 

Disciplina: Redação Empresarial - 2018/1 - Unisinos

Professora: Polianne Meire Espindola

Tutora: Cristina Domingues Lemos

Siga
Procurar por tags
Arquivo
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page